Entrevista ao Prof. Carlos Silva

24-01-2011 21:07

 

 

Um dos grandes problemas que os Açores enfrentam para atingir a auto-suficiência energética é o problema da distribuição de energia, que surge da descontinuidade do território. Uma possível solução para esse problema é o recurso a baterias com grandes capacidades de armazenamento de energia.

Sobre este assunto, questionámos o Professor Carlos Silva, presidente do MIT Portugal.

Em que fase se encontra o desenvolvimento das baterias com grandes capacidades de armazenamento de energia?

Existem já vários projectos a decorrer, recorrendo a diferentes tecnologias de baterias, por exemplo:

- Baterias de Ião-Lítio, por exemplo da AES-A123 no Chile (ver https://ir.a123systems.com/releasedetail.cfm?ReleaseID=425735 ), que são muito parecidas com a dos veículos eléctricos

-Baterias sódio/enxofre, por exemplo da NGK Insulators (ver https://www.ngk.co.jp/english/products/power/nas/index.html ), que são mais convencionais, e que já são por exemplo utilizadas em parque eólicos no Japão ou solares nos Estados Unidos para armazenar energia produzia que não pode ser utilizada (diz-se despachada ) para a rede de imediato.

Em qualquer dos casos, estas tecnologias conseguem fazer a regulação da rede (armazenamento de alguns segundos ou minutos) e para armazenar energia de uma determinada altura do dia para outra. Estes sistemas são modulares e podem ser expandidos.

A EDA faz já regulação com volantes de inércia, ou massas girantes (flywheels) nas Flores e na Graciosa que permite fazer regulação e com isso, aumentar a penetração de energia renováveis. Para além disso, a EDA está a desenvolver há já alguns anos um projecto para a Graciosa com uma empresa alemão, a Youcus que utiliza as baterias de sódio/enxofre. Este projecto está já em teste em Berlim na Alemnha e simula o funcionamento do sistema eléctrico da Graciosa.

 

1.        Até que ponto é viável o investimento nessas baterias como meio de distribuição de energia na Região Autónoma dos Açores?

O custo desta tecnologia é elevado e muito variável, mas uma unidade pode custar várias centenas de milhares de euros. O facto de compensar ou não depende de muitos factores (custo da produção renovável ou não, custos de operação, etc.) No caso dos Açores, segundo os modelos desenvolvidos no projecto Green Islands, não é evidente ainda se seria viável economicamente.

O que pode ser interessante é que se houver muitos carros eléctricos e a sua carga for gerida de forma integrada, então podem funcionar como um sistema desses. Por isso é tão interessante trazer veículos eléctricos para os Açores.

2.       Como é que seria feito o transporte das baterias?

No caso das baterias, e como podem ver nas imagens, são instalações que funcionam em contentores de navios, por isso o transporte seria por via marítima.

3.       Que previsão faz em relação aos custos iniciais?

É muito difícil, mas um sistema para uma ilha pequena como o Corvo, poderia custar centenas de milhares de euros.

4.       É possível ser produzida nas Açores?

Na minha opinião não nem teria grande interesse económico.

5.       Caso seja possível, dentro de quanto tempo estima que viria a ser exequível a produção das baterias e a sua utilização aqui na Região?

 

6.       Qual a capacidade e o custo de armazenamento?

 

Estas unidades são feitas à medida das instalações, mas um contentor da A123 pode armazenar 500kWh. O custo de armazenamento não é possível de calcular directamente.

7.       Considera que o nosso projecto é pertinente?

O vosso projecto tem uma pertinência enorme não só para os Açores, mas no mundo em geral. Isto porque a aposta em renováveis não resolve por si só o problema., porque as renováveis variam de produção e por vezes produzem quando não é preciso (por exemplo à noite). Para haver grandes penetrações de energia renovável, tipicamente acima dos 50%, é preciso ter sistemas de armazenamento, se não, nunca é possível atingir valores muito elevados. É uma excelente escolha! Parabéns

 

 

 

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